Meirelles quer seguir o caminho de FHC: de ministro da Fazenda a presidente

As semelhanças e as diferenças na condução dos assuntos do Ministério da Fazenda entre o atual ministro, Henrique Meirelles, e o ex-ocupante do cargo Fernando Henrique Cardoso (FHC) trazem informações importantes que ajudam a montar um cenário possível do que irá acontecer com a economia do país. Essas informações são importantes aos nossos leitores dentro da atual conjuntura política e econômica do país, onde empregos somem diariamente e, pelo menos, 13 milhões de pessoas estão desempregadas.
Meirelles e FHC nasceram em berços semelhantes. FHC ocupou a Fazenda na época do presidente da República Itamar Franco (1992 a 1995). Ele se elegeu vice na chapa do presidente Fernando Collor de Mello, que assumiu o poder em 1990 e renunciou em 1992. Collor renunciou para escapar do impeachment – que teve um movimento que entrou para a história – o dos Caras Pintadas. Meirelles assume o cargo no governo do presidente da República, Michel Temer. Ele foi reeleito vice-presidente da República na chapa da então presidente Dilma Rousseff, em 2014. E tornou-se presidente em 2016 com o impeachment de Dilma – que entra na história como vítima de um golpe de Estado.
Aqui tem uma diferença importante entre FHC e Meirelles. Apesar de ser considerada uma pessoa excêntrica, Itamar Franco ocupou o governo apoiado pelos Caras Pintadas, um movimento nacional que representava a unanimidade pela saída do Collor. Essa unanimidade deu um capital político ao governo, que permitiu a FHC conduzir com sucesso o combate à hiperinflação, com a implantação da moeda nova, o Cruzado. O sucesso do programa elegeu FHC presidente do Brasil (1995 a 2002).
Temer é um articulador político nato. Mas o processo que o levou ao poder rachou o país no meio. É fato conhecido que Temer e o seu grupo político conspiraram contra Dilma. E, durante a conspiração, aliaram-se a figuras escrotas da política nacional, como o, na época, presidente da Câmara Federal, o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB – RJ), que ajudou a afundar a economia na época com as “pautas bombas” – votação de projetos que traziam enormes gastos para o governo. Cunha instalou e conduziu o processo de impeachment de Dilma. Apontado pela força-tarefa da Operação Lava Jato como envolvido em casos de corrupção, entre outros crimes, hoje Cunha cumpre pena em uma penitenciária na Região Metropolitana de Curitiba (PR). Hoje, senadores, deputados federais e ministros do governo estão envolvidos em crimes descobertos pela Lava Jato. É dentro dessa conjuntura que Meirelles joga as suas cartas para conseguir concretizar uma reforma que irá mexer coma vida de todos os brasileiros: a reformulação da previdência social.
Os dois têm formações diferentes. FHC vem de uma bem sucedida carreira acadêmica. Meirelles, de uma brilhante trajetória como executivo da área financeira, em importantes bancos ao redor do mundo. FHC é amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Meirelles foi ministro de Lula e é um dos responsáveis pelo sucesso econômico do governo. Pela sua trajetória política, Meirelles nunca escondeu que acalenta o sonho de chegar a presidente da República, como FHC. Já tentou se cacifar a vice de Dilma, mas levou uma rasteira do grupo político da ex-presidente. Agora, aos 71 anos, Meirelles tenta o que talvez seja a sua última jogada: chegar aonde chegou FHC, apostando tudo nas reformas propostas pelo governo de Temer. Se tiver sucesso, ele tem uma chance de ser um dos candidatos à presidência da República em 2018. Se fracassar, vira saco de pancadas na campanha eleitoral. Nas duas hipóteses, resta saber de que lado o grupo político que apoia Temer irá ficar. É o jogo.

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