Quem ganha e quem perde com a condenação do Lula? Nós, repórteres, temos que esclarecer

Qual é o futuro da disputa política no Brasil? Foto: PT

É chute de quem disser que sabe o rumo que irá tomar a disputa política nas próximas eleições no Brasil, nos dias seguintes à manutenção da condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT – SP) pelos três desembargadores do Tribunal Federal Regional da 4ª Região (TFR4), na quarta-feira, em Porto Alegre. É a primeira vez que isso acontece na história do Brasil. Lula é um ícone da política brasileira e uma figura conhecida no mundo. Depois de dois governos exitosos (2003 a 2011), ele foi condenado em primeira instância, no ano passado, a 9 anos e seis meses pelo juiz federal  Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, em Curitiba (PR). Apelou para o TRF4, onde sua pena foi aumentada para 12 anos e um mês. A condenação o impede de ser candidato nas próximas eleições, onde ocupa o primeiro lugar nas pesquisas. Ele também poderá ser preso.

O que irá acontecer com Lula vai afetar a disputa política e os rumos da economia do país, onde existem 13 milhões de desempregados. O nosso leitor vai precisar de informações precisas, noticiadas de maneira simples, para entender o que vem por aí. Alguma coisa já podemos falar, sem pisarmos no campo da pura especulação. Há muito tempo, a política brasileira deixou de ser feita por partidos. Ela é operada por grupos políticos que operam dentro das agremiações partidárias. Existem quatro grandes grupos políticos no Brasil. O do  ex-presidente Lula opera entre os partidos de esquerda. O do atual presidente da República, Michel Temer (PMDB – SP). Temer, em 2016, conspirou e conseguiu o impeachment da então presidente da República Dilma Rousseff (PT – RS). Ele ocupou o lugar de Dilma. O do senador Aécio Neves (PSDB – MG), que conseguiu derrubar o ícone do seu partido, o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso (FHC). Apesar de estar em plena decadência política e moral, Aécio ainda mantém o seu poder no PSDB, graças a sua aliança com Temer. E, por último, o grupo formado por políticos do chamado baixo clero, que pertencem a vários pequenos partidos e são movidos pelo dinheiro.

Portanto, diferentemente do futebol, onde quem é colorado é colorado, e quem é do Grêmio e do Grêmio, no mundo da política há o provérbio:  o inimigo do meu inimigo é meu amigo. Isso não é uma exclusividade brasileira. Portanto, é dentro desse contexto que a condenação de Lula irá se refletir. Um contexto complicado e difícil de dizer o que irá acontecer. Conversei com um velho repórter sobre o assunto, ele tem 82 anos. Ele me lembrou que o ambiente parece o da década de 50, no último governo do presidente Getúlio Vargas (antigo PTB – RS),  1951 a 1954, quando ele se suicidou com um tiro no coração. Foi nesse período que foram lançadas as bases para o golpe militar que aconteceria em 1964 e duraria 25 anos – há centenas de reportagens, livros e documentários na internet sobre o assunto. Eu era criança na época da morte de Vargas e adolescente durante o período militar (1964 a 1985). Não creio que isso irá acontecer por um simples motivo: na época, o mundo vivia a Guerra Fria. De um lado, Estados Unidos, representando o capitalismo; do outro, a extinta União Soviética, defendendo o comunismo. Os americanos financiaram o golpe no Brasil – há vasta documentação na internet. Hoje, ninguém morre, e ninguém mata pelo capitalismo ou pelo socialismo. Quem manda no mundo são as grandes corporações, que não têm bandeira, e a única ideologia que seguem é a do lucro.

Dentro dessa realidade, um bom caminho para explicarmos ao nosso leitor o que poderá acontecer nos dias seguintes à condenação de Lula e discutir: para quem a condenação irá dar lucro? Cito dois casos: a reforma da Previdência Social – ela irá dar um lucro muito bom para os planos privados operados pelos bancos. E o atrelamento do preço da gasolina ao mercado internacional, que é, atualmente, praticado pela Petrobras. Essa política está reforçando o valor das ações da empresa no mercado internacional, à custa do consumidor brasileiro, que paga a gasolina em dólar e ganha em real. As pessoas podem ser inocentes e passionais. Nós, repórteres, não. Para sabermos os reais reflexos da condenação de Lula, devemos esclarecer quem ganha e quem perde com ela.  Estou falando de ganhar votos, prestígio político e dinheiro.  É claro.

2 thoughts on “Quem ganha e quem perde com a condenação do Lula? Nós, repórteres, temos que esclarecer

    1. Grande Renato Hoffmann. Tu gosta de documentário? Se gostar te sugiro que procura um chamado a Teoria do Choque. Cara lá tá tudo muito bem explicadinho, com provas, a merda que os caras estão fazendo pelo mundo. U m grande abraço.

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