Repórteres, o governo Temer tem que ser tratado como um caso de polícia.

O grupo do presidente da República, Michel Temer (PMDB – SP), não faz política. Faz negócios ilegais. Estão agora tentando fechar o maior negócio da vida do grupo, que é o de manter Temer no cargo. O primeiro grande negócio foi a conspiração que resultou no impeachment da presidente da República Dilma Rousseff (PT – RS),  que teve seu cargo ocupado pelo seu vice, Temer.

No mês passado, Temer foi encurralado pelo empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, na delação premiada que ele fez à Operação Lava Jato. Já antes disso, logo depois que assumiu o governo, em 2016, pessoas importantes do seu grupo político tinham sido acusadas de receber propinas por empreiteiros delatores da Lava Jato, entre eles: os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria de Governo). E os ex-ministros Henrique Eduardo Alves (atualmente preso) e Geddel Vieira. De maneira inteligente e articulada, o grupo vendeu para a opinião pública a imagem de que estava no poder com a missão de fazer as reformas necessárias – Previdência Social e nas Leis Trabalhistas – para recolocar a economia do país nos trilhos.

A delação do empresário Joesley Batista derrubou a máscara de salvador da pátria usada por Temer. Ela mostrou, com riqueza de detalhes, um vídeo de um assessor do Temer, o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR),  pegando uma mala com R$ 500 mil de propina. Loures está preso preventivamente na carceragem da Polícia Federal (PF) em Brasília (DF). E um áudio de uma conversa entre o empresário e Temer, onde são tratados negócios ilegais. A delação do empresário está disponível na internet.

A máscara de Temer caiu. Mas, nós, repórteres, continuamos descrevendo para os nossos leitores as manobras feitas para manter Temer no poder como articulações políticas. Não são. Articulação política é um ato legitimo na disputa eleitoral. O que Temer está fazendo são negócios ilícitos com parlamentares – a maioria, citados na Lava Jato – para se manter no cargo. Ele segue a lógica do crime organizado. Na vivência que tive na redação, eu sei que, na hora da correria, a tendência que se tem é a de seguir olhando o problema pelo viés político. Mas temos que mudar.

Eu defendo que temos que tratar o político que se envolve em crimes como um delinquente comum. Ele deixa de ser assunto central para os comentaristas políticos e passa a ser pauta para os repórteres que fazem a cobertura do crime organizado, da lavagem de dinheiro e das organizações criminosas. Essa mudança facilitaria enormemente o entendimento do nosso leitor sobre o que está acontecendo. E também pressionaria os legisladores a fazerem mudanças nas leis para facilitar o afastamento do poder de parlamentares que se tornam delinquentes. A cada dia, os nossos leitores exigem mais precisão e simplicidade no que noticiamos. Separar as coisas facilita a vida de todo mundo. Não podemos esquecer que a política é arte de governar. A delinquência é arte do crime.

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