Há um assunto que precisamos explicar para nossos leitores. A reforma da Previdência Social, assunto que irá mexer com a vida de todos os brasileiros, está sendo feita por senadores, deputados federais, pelo presidente da República, Michel Temer (PMDB -SP), e por ministros envolvidos no maior escândalo de corrupção da história do Brasil. Como confiar nas intenções desses senhores?
Vamos esmiuçar o fato. De maneira muito inteligente, o governo federal tem colocado o assunto na mídia de uma maneira simples, direta e contundente: se não houver a reforma, não haverá dinheiro para pagar os aposentados, e o capital estrangeiro não voltará a ser aplicado no Brasil. Dinheiro tão necessário para colocar o país novamente nos trilhos e atenuar a situação dos 13 milhões de desempregados. Essa estratégia oficial de contar a história sobre a reforma da Previdência resulta em noticiário focado na tramitação do projeto e nas negociações entre os parlamentares.
Esse é o peixe que o governo está nos vendendo. Ele pode ser simplificado assim: existe o mundo das delações premiadas da Odebrecht para a força-tarefa da Lava Jato e o das articulações para a aprovação da reforma da Previdência Social que irá salvar o Brasil. Aqui, eu chamo a atenção dos meus colegas repórteres, principalmente dos novatos: é conversa fiada do governo.
As delações premiadas da Odebrecht, que enchem os noticiários do país, tornaram públicas informações que colocaram contra a parede o presidente Temer, vários de seus ministros e a base parlamentar aliada. O principal articulador da reforma pelo governo é Eliseu Padilha, ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República. Citado várias vezes nas delações. O presidente da Câmara Federal, deputado Rodrigo Maia (DEM – RJ), figura estratégica na condução do projeto da Previdência, é apontado como um dos que receberam dinheiro ilegal da empreiteira. Ele também é suspeito de ter feito lobby para aprovar medidas que beneficiaram a Odebrecht. Outro parlamentar importante para ajudar o governo a aprovar a reforma da Previdência, o senador Renan Calheiros (PMDB – AL) responde a vários inquéritos e está sendo investigado na Lava Jato. Essas pessoas citadas são os expoentes nas articulações da reforma da Previdência. O restante pode ser encontrado nos noticiários diários.
Com base em tudo o que está sendo divulgado pelos delatores sobre o presidente da República, sua base parlamentar e vários de seus ministros, é difícil afirmar quais são as intenções na reforma da Previdência Social. Patriotismo? Preocupação com o futuro dos aposentados? Reativação da economia? Beneficiar a previdência privada? Temos que alertar aos nossos leitores que a questão da reforma da Previdência Social não é ser contra ou a favor. Mas que quem está a propondo não tem credibilidade para mexer com o futuro dos brasileiros.
Argumentos econômicos que é bom nada? Estatísticas? para quê? sempre com esta velha ladainha de lava jato isso e aquilo, deprimente a situação dos nossos pseudo-jornalistas, se ao menos tivessem lido algum livro de lógica, talvez aquele “Introdução à lógica do Copi” saberiam que este tipo de escrita “a que vossa senhoria faz” de nada ataca o argumento do governo, aliás, é um belo exemplo de escrita imbecil, digna do senso comum. Sugiro que inicie a leitura do seguinte documento “Informe de previdência social” e veja a situação caótica da nossa previdência.
Nas últimas quatro década, eu tenho trabalhado com reportagem investigativa – tenho uma longa folha de serviços que o senhor pode ver no google. E sei reconhecer um comentário que ajuda o repórter a calibrar a sua pontaria, como é o caso do seu. Sou um devorador de livros, relatórios e avaliações. O foco dos meus comentários é ajudar o jovem repórter a caminhar na profissão – e tenho como estratégia não aprofundar os textos para estimular a busca por informações. Agradeço o seu interesse e espero contar com os seus comentários, obrigado.