É uma ofensa ao modo de vida da população nos dias atuais manter em cativeiro para visitação pública animais capturados no seu habitat. Por mais confortáveis que sejam, as jaulas não são os lugares desses animais. Articulados, ativos e espalhados ao redor do mundo, esses movimentos que defendem o bem estar dos animais têm essas bandeiras em sua luta. Os zoológicos estão sendo substituídos por passeios planejados e orientados por pessoas especializadas no habitat dos animais. A soma desses motivos aponta na direção da extinção dos zoológicos como conhecemos. Portanto, são um mau negócio para a iniciativa privada.
Dentro dessa ideia. Por que empresários investiriam na privatização do Parque Zoológico do Rio Grande do Sul, o Zoo de Sapucaia, que dá um prejuízo atual de R$ 5,1 milhões? A concessão é de 30 anos e exige que sejam investidos R$ 59 milhões em melhorias da estrutura e na compra de novos animais. “É como comprar uma casa pegando fogo”, ouvi de um consultor de investimentos. A privatização do Zoo de Sapucaia foi organizada pelo governo de José Ivo Sartori (MDB) – 2015 a 2019. E vai ser executada pelo atual governador, Eduardo Leite (PSDB). São 1,1 mil animais enjaulados, ocupando uma parte de uma área de 100 hectares, à beira da BR-116. Ao redor do mundo, existem 3,5 milhões de animais vivendo em zoológicos.
A pergunta que fiz sobre quem investiria o seu dinheiro na concessão do Zoo de Sapucaia foi respondida por um grupo de defensores dos animais que consultei. Na opinião deles, apenas “empresários aventureiros“ se arriscariam a tal investimento. Eles alertam o seguinte: as 34 mil pessoas que visitam o Zoo mensalmente não geram, e nunca vão gerar, renda suficiente para manter o estabelecimento. Portanto, o governo do Estado está passado para frente um problema, que, na opinião deles, não é econômico. Mas moral. “O Estado não pode privatizar o Zoo como se fosse uma fábrica de parafusos. Ali vivem animais que precisam ser cuidados”, alertam. Eu tenho 68 anos de idade e 40 como repórter. E, como a maioria das pessoas da minha geração, levei meus filhos para passear no Zoo de Sapucaia e também fiz reportagens sobre o lugar. Ele foi construído em 1962 e se tornou uma referência na maneira como os animais são manejados e cuidados.
Se hoje levar os filhos para ver animais enjaulados não é mais uma atração, cabe ao Estado cuidar deles ou recolocá-los no seu habitat natural – há tecnologia disponível para fazer esse tipo de coisa. Ou cuidar daqueles que não têm condições de voltar ao seu ambiente natural, como os bichos de grande porte. No final do ano passado, eu estava conversando com estudantes de jornalismo de uma faculdade do interior sobre jornalismo. E, no meio da conversa, surgiu a questão da imprensa e as privatizações. Daí surgiu a questão do Zoo. Na ocasião, falei que sobre o destino dos animais não pode ser tratado como uma questão econômica. Mas moral. É obrigação do Estado cuidar deles. Os conteúdos dos nossos noticiários tratam a questão da privatização do Zoo como um negócio. Já escutei colegas falarem que “onde já viu o Estado ser dono de Zoo”. No caso do Rio Grande do Sul, o Estado é dono. E, por questões morais, não pode abandonar os animais à própria sorte. Em minha opinião de repórter, é lá se vão 40 anos de lida reporteira, esse tipo de assunto precisa ganhar espaço nos noticiários. Como disse: a mudança no nosso modo de vida determinou a extinção dos zoológicos como conhecemos. Se o Zoo de Sapucaia não tiver comprador, o governo do Estado vai mandar sacrificar os animais para cortar as despesas? Meus colegas repórteres, nós temos que atirar esse problema no colo do governador. Na coletiva que dada pelo governador, na terça-feira, por ocasião dos 100 dias do seu governo, eu não lembro de ninguém ter abordado o tema com ele. Acredito que teremos outras oportunidades.
Questionamento super pertinente.
Dá um filme.
Visitei esse fim de semana o zoo de Sapucaia.. o lugar está caído, abandonado, a água do fosso de alguns animais como o hipopótamo, parece mais suja que as águas do dilúvio… Muitos dos animais estão a mingua, em espaços confinados de 1960…
Se o estado não investe, que passe a iniciativa privada, mas algumas exigências da PPP são proibitivas….
Caso entenda que eu esteja errado… Visite o zoo, está ultrapassado… Não aceita Pix nem cartões, mas preferem manter 2 guardas armados na portaria…
As calçadas ( quando existem) não tem acessibilidade mínima, não há indicação clara de onde estão os animais, você se perde facilmente lá dentro…
Visite, reveja seus conceitos…
Tenho acompanhado a situação do ZOO. Também duvido que a iniciativa privada aceite o negócio que o governo vem propondo. Os animais são responsabilidades do governo.