Será nas urnas das eleições de 2018 que a maioria silenciosa brasileira irá manifestar a sua opinião sobre a absolvição pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) da chapa Dilma Rousseff (PT – RS) e Michel Temer (PMDB – SP) do crime de abuso de poder econômico na reeleição de 2014.
A decisão do TSE manteve Temer como presidente da República. No ano passado, ele e seu grupo politico participaram de uma bem sucedida conspiração que resultou no impeachment de Dilma, de quem Temer era o vice e assumiu seu lugar. A ação no TSE foi ajuizada pelo PSDB, logo após perder o segundo turno para a chapa Dilma-Temer. Posteriormente, o partido se juntou à conspiração contra Dilma e hoje faz parte da base do governo, ocupando cargos. Do ano passado até a semana passada, os brasileiros têm assistindo diariamente pelos noticiários dezenas de empresários, burocratas de estatais e ex-parlamentares explicarem, em delações premiadas, à força-tarefa da Operação Lava Jato, com riqueza de detalhes, como saquearam o Brasil com a cumplicidade de pessoas do governo federal. Há duas semanas, Joesley Batista, um dos donos da JBS, em delação premiada à Lava Jato, contou, em áudio e vídeo, como pagou propina para o atual presidente Temer.
É dentro desse contexto que, na semana passada, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, que preside o TSE, deu o voto de minerva que decidiu pela absolvição da chapa Dilma-Temer, o que resultou em manter no cargo o atual presidente. A repercussão: o voto de Mendes foi um tapa na cara do Brasil. Fazendo um resumo do que ele falou nos noticiários sobre a sua decisão, o ministro disse que a cassação deixava o país em destino incerto. Aqui convido os meus colegas repórteres, principalmente os novatos, a refletir sobre o fato de o ministro chamar para si a responsabilidade de decidir pensando no bem do Brasil. Colegas, a história mostra que o Brasil não precisa de ninguém que o proteja. Sempre que alguém diz que é o melhor para o país, ele tenta tirar do povo a soberania de decidir o seu destino e abre caminho para umas s tragédia, como foi o Golpe Militar (1964 a 1985).
É aqui que entra a maioria silenciosa do povo brasileiro, que pode ser definida como um vasto contingente que não participa de movimentos sociais, partidos, manifestações e outras demonstrações públicas de apoio ou de repúdio a quem governa. Mas mostra o seu poder na hora da urna: pelo voto de protesto (abstenção, nulo e branco), como foi no segundo turno das eleições municipais de 2016, quando as notícias das sacanagens dos políticos já inundavam os noticiários. Os votos brancos e nulos e as abstenções alcançaram o índice de 32,5%, bem superior aos 26,5% de 2012. Também pode eleger figuras exóticas, como o foi o caso Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca, eleito deputado federal por São Paulo como o terceiro mais votado da história do Brasil. Imagine se ele concorrer para presidente da República.
Caso não haja uma grande mudança na conjuntura política brasileira, tudo indica que a marca que ficará registrada das eleições de 2016 será o voto de protesto. Ou talvez a eleição de um vendedor de ilusões. Perante esse quadro, nós repórteres temos que nos empenhar em dar aos nossos leitores informações precisas e com conteúdos inéditos para que eles tomem sua decisão. Dias interessantes vem por aí.