O ministro licenciado da Casa Civil, Eliseu Padilha, 71 anos, não depende da sua volta ao cargo para permanecer operando como uma peça vital no sistema de sustentação política do governo do presidente da República, Michel Temer (PMDB – SP). Padilha, o senador Romero Jucá (PMDB – RR), ex-ministro do Planejamento, Geddel Vieira Lima, ex-ministro da Secretaria de Governo, e Moreira Franco, atual ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, são pessoas que discutem, planejam e executam as articulações políticas que sustentam Temer. Eles foram os organizadores da aliança das várias forças partidárias ao redor do então vice-presidente Temer no processo de impeachment da presidente da República, Dilma Rousseff (PT – RS).
Não é a gratidão que mantém Temer fiel aos quatro políticos. Aliás, gratidão e fidelidade são coisas que não existem no jogo político. Existem oportunidades geradas pela soma de fatos que formam a conjuntura política. E pelas ligações que os quatro mantêm com senadores, deputados federais e governadores, eles são fundamentais para agirem na conjuntura política e dar sustentação ao governo Temer. É isso que mantém o presidente da República ligado ao grupo. Para fazer esse trabalho, os quatro não precisam de cargos, apenas de telefone celular e mensageiros para fazer os contatos.
Padilha, Jucá, Geddel e Moreira Franco também não trabalham unidos por ideais patrióticos – eles têm problemas com a operação Lava Jato. Mas pela conveniência de somar forças políticas e tornarem-se indispensáveis para Temer manter o poder. Para nós, repórteres, principalmente os jovens, saber como opera esse grupo que sustenta Temer é fundamental para informar corretamente aos nossos leitores. Entre os quatro, Padilha não é o mais astuto. Mas é o mais organizado: ele tem uma rotina espartana de trabalho. Eu o conheci nos anos 1980, quando era advogado e empresário da construção civil em Tramandaí (RS), no Litoral Norte. Na época, eu era repórter especial de Zero Hora, que mantinha uma sucursal, durante o verão, em Tramandaí, onde ele foi prefeito pelo PMDB. A disputa política na cidade era feroz. Ele conseguiu influência política na região e se elegeu deputado federal.
Ele não tem amigos ou inimigos políticos. Padilha tem aliados de ocasião. Sua mestra na política é a conjuntura. Ele age conforme o rumo dos acontecimentos. No frigir dos ovos, como se fala no jargão dos repórteres, não é Padilha que precisa do Temer. É Temer quem precisa de Padilha.