Creio ser a primeira vez desde da democratização do Brasil, em 1985, que vamos ter entre as chapas que concorrem à presidência da República duas com a forte presença de militares e magistrados e trabalhando pelos seus candidatos. Os militares estão abrigados na candidatura a reeleição do presidente da República Jair Bolsonaro (PL) e os magistrados e outros egressos do Poder Judiciários estão na chapa do ex-juiz federal Sergio Moro (Podemos). Os generais do Bolsonaro, como são conhecidos os 6 mil militares de várias patentes que estão incrustados na administração federal. Tem uns poucos da ativa, mas grande maioria são da reserva ou reformados. Do lado do Moro estão os lavajatista como ficaram conhecidos em várias instâncias da Justiça aqueles defendem os excessos que foram praticados pela Operação Lava Jato. A constituição garante o direito dos dois lados de estarem na disputa política, respeitada a legislação que regulamenta o assunto. Portanto não vou discutir esse assunto. A intenção e refletir com os meus colegas repórteres, principalmente os jovens que estão na correria do dia a dia nas redações fazendo três ou quatro pautas, a necessidade de identificarmos e explicarmos aos nossos leitores quem são essas pessoas que estão nos bastidores das duas candidaturas e quais as suas intenção. Por quê?
A resposta para a pergunta é simples. Muito embora na mente da maioria das pessoas um militar representa as Forças Armadas e o um ex- juiz, desembargador, ministro, procurador da República represente o sistema de justiça. Não é verdade. Estão nessa por sua conta é risco e exercendo um direito constitucional. Mais ainda não estão envolvidos com as candidaturas do Bolsonaro e do Moro por ideologia ou qualquer outro motivo de ordem política. Estão nessa pelos cargos, os salários gordos, as mordomias e o prestígio. Cito aqui um exemplo. O atual presidente da República assinou uma portaria que permitiu os ganhos dos militares que estão no seu governo furar o teto da remuneração dos funcionários públicos federais. Por exemplo, no caso de um general da reserva, antes da portaria ele ganhava o soldo do Exército que somando aos salário do cargo ocupado no governo não podia passar do teto, ao redor R$ 39 mil. Graças a portaria, hoje o ministro da Casa Civil, general da reserva Braga Netto, ganha R$ 106 mil. As bandeiras políticas que esse dois grupos defendem precisam ser melhor esclarecidas para o nosso leitor. Os generais do Bolsonaro defendem que precisam manter longe do poder no país os comunistas e outros esquerdistas. Ser comunista ou seguir qualquer outra orientação de esquerda não é crime. Mas um direito assegurado pela constituição. Os lavajatista defendem a bandeira da luta contra a corrupção. Eles não inventaram a luta contra a corrupção. Ela nasceu entre os presos políticos nos porões da ditadura militar que governo o país de 1964 a 1985. E a liberdade de imprensa é o instrumento que a sociedade usa para denunciar os corruptos.
Dito isso. Vamos em frente na nossa conversa. Os lavajistas são novatos na história de ter um candidato na disputa pela presidência da República. Os militares são veteranos nessa história. Em 1964 deram um golpe de Estado e ficaram no poder até 1985. Eles apostaram no Bolsonaro com a ideia que poderia governar nas sombras. Mas tomaram o bonde errado porque o presidente tem as suas próprias ideias e não ouve ninguém. Entre todos os generais que gravitam ao redor do Bolsonaro o mais habilidoso é o Braga Netto. E todas as articulações que acontecerem envolvendo os interesses dos 6 mil militares no governo deverão passar por ele. No lado do Moro a pessoa mais influente é o ex-procurador da República Deltan Dallagnol,que foi coordenador da Lava Jato. Durante a Lava Jato, como denunciou o site The Intercept Brasil, Dallagnol era o braço direito do ex-juiz na organização dos atropelos a legislação na condução dos processos – há matérias na internet. Aqui tem o seguinte. Um das regras não escritas do jornalismo investigativo nos ensinam que as pessoas importantes vivem nas sombras. Dificilmente os seus nomes são mencionados pelos noticiários. O que nós jornalista sabemos sobre as pessoas que gravitam ao redor do ex-juiz? Pouca coisa ou nada. O que temos de concreto é que ele irá depender da grande imprensa para manter-se na vitrine na tentativa de consolidar-se como candidato da terceira via – uma opção entre o Bolsonaro e o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT – SP) que é vendida pela imprensa aos leitores. Hoje ele disputa o espaço nobre nos grandes noticiários com o Bolsonaro. A vantagem dele é que existe nas redações os chamamos de “viúvas do Moro”, um grupo de jornalista que acredita nas mentiras que ele contou para justificar o atropelou na conduções dos processos – há matéria na internet.
Por outro lado, Bolsonaro tem no seu apoio uma rede de televisão, rádios e jornais que vendem a versão do governo para a população como se fosse a única verdade. Faz parte do jogo porque fazem isso abertamente. O mais mortífero do lado do presidente da República é uma bem equipada, paga e eficiente maquina de distribuir fake news. Aqui é o seguinte. Na disputa eleitoral de 2022 para presidente da República em pé de igualdade de importância com o dinheiro para custear as despesas é a produção de ideias para municiar os noticiários, as redes sociais e a máquina de fake news. Para arrematar a nossa conversa. O Brasil nunca esteve em uma situação com a de hoje. Um enorme crise econômica, desemprego, 600 mil mortos na pandemia causada pela Covid – 19, inflação, destruição acelerada da Floresta Amazônica e outros rolos. Dentro desse situação se alguém riscar um fósforo pode explodir tudo. Daí a importância de conhecermos os atores que estão nas sombras da disputa política. Devido a tudo que descrevi a cobertura dessas eleições será diferencia das outras. Se nada mudar, pelas informações que temos hoje, na primeira quinzena de dezembro, o segundo turno das eleições deverá ser disputado pelo Lula e o Bolsonaro, que vem perdendo votos para o Moro, que foi seu ministro da Justiça e Segurança Pública.