Assim como é função do médico curar a doença e a do bombeiro é apagar incêndios, é tarefa do repórter entender e publicar as ligações existentes entre os fatos que determinam o cotidiano das pessoas. A arma mais poderosa que um leitor pode ter é o conhecimento dos fatos, o que irá orientá-lo a seguir o caminho que lhe interessar.
O enfrentamento que acontece entre o senador Renan Calheiros e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) é uma boa sala de aula para o jovem repórter. É um momento raro na política brasileira em que o bastidor do poder está exposto: podem ser vistas a olhos nus as articulações que estão sendo feitas para aprovar as reformas econômicas propostas pela Pec 241 – agora transformada no Senado em Pec 55.
O presidente do Senado, Renan Calheiros, sabe que é figura chave nesta articulação que irá enfiar a Pec garganta abaixo dos brasileiros. Ao contrário do ex-presidente da Câmara Federal Eduardo Cunha, um arrogante durante as 24 horas do dia, Renan tem a disciplina de um samurai, ele só vai para o enfrentamento na hora que considera ser a certa. Passa a maior parte do tempo recolhido ao seu canto do ringue, estudando o adversário, e só sai de lá quando tem certeza de que há uma boa chance de nocautear o opositor. E quando o derrota, ao contrário de Cunha, não o humilha. Transforma-o num aliado.
O atual momento é o auge do poder de Renan. Na próxima semana, a Pec irá para sua definitiva votação, na qual ele é figura importantíssima na articulação do governo Temer, que conseguiu convencer um bloco significativo de deputados federais e parte importante do Poder Judiciário de que as medidas irão salvar o Brasil.
Dentro desse contexto, Renan não teve a mínima cerimônia em mandar às favas uma ordem do STF de deixar o cargo. Perdeu os anéis, mas conservou os dedos. O STF o manteve no posto. Apenas o impediu que ocupar o cargo de Temer, em um eventual (e muito pouco provável) impedimento simultâneo do presidente da República e do presidente da Câmara dos Deputados, o primeiro na linha sucessória – com o impeachment de Dilma Rousseff e a posse de Temer, o Brasil não tem mais vice-presidente.
A história política de Renan é longa e interessante – há um vasto material no Tio Google. Aos 61 anos, o senador por Alagoas não pode ser descrito como mocinho ou bandido. A definição mais apropriada é equilibrista. Não há como saber quem será o próximo presidente do Brasil. Mas certamente o senador Renan será um dos que irá apoiá-lo.
Sou um leitor eventual dos teus textos. Penso, agora, em ser o que se chama de “assiduo”. Gostei ao ler que Renan é um samurai na sua vida pública (e na particular também?) Penso que ele é isso igualmente com os “seus (dele) eleitores” Deus tenha piedade de ambos, Renan e eleitores. Se merecem. Sou tio do Beto porque tio da Ana Lúcia. Sou vizinho deles, uns 100 metros de distância aqui no parque são paulo, lami. Um abraço e oportunamente irei cumprimenta-lo pessoalmente. Espero que continue apesar de “certos” leitores que surgirão.
Obrigado pela sua atenção e desculpa a demora em responder. Sobre o Renan: a batata dele tá assando, como se fala na fronteira gaúcha.