Se tiver a sua sobrevivência ameaçada pela presença de Michel Temer (PMDB-SP) no cargo do presidente da República o grupo político que o apoia se livrará dele. Como se livrou do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que teve o seu mandato cassado, foi condenado a 15 anos de prisão pelo juiz federal Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, e hoje cumpre pena em uma penitenciária na Região Metropolitana de Curitiba (PR). Cunha foi fundamental na conspiração que resultou no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT-RS) e na sua substituição pelo vice, Temer.
A maioria dos rostos que formam o grupo político de Temer é desconhecida do grande público. São deputados federais, senadores, burocratas das empresas estatais e da máquina administrativa federal. Empresários e operadores do mercado financeiro. A face visível são os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco e os ex-parlamentares Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) e Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), que ficou conhecido como o “homem da mala”, por ter sido filmado transportando uma mala com a propina de R$ 500 mil de Joesley Batista, um dos donos da JBS. Loures cumpre prisão preventivamente na sede da Polícia Federal (PF) em Brasília (DF).
Um dos sinais de que o grupo está se descolando de Temer já começou a ser dado. Aqui e ali aparecem nos noticiários parlamentares dizendo que as reformas trabalhista e da Previdência Social estão andando na Câmara e no Senado. Mas observando que elas não são de Temer, e sim “do país”. São declarações que lembram os dirigentes de clubes de futebol, que diante de sucessivas derrotas e da iminente queda do treinador, juram que ele está “prestigiado” e que permanecerá no comando do time. Todo mundo sabe como a história acaba. O grupo vendeu para a opinião pública que essas reformas são fundamentais para colocar a economia de volta nos eixos. E estão fazendo-as andar por serem a garantia de que continuarão no poder. É isso.
E para entender por que as medidas estão andando, apesar de Temer ter sido encurralado pela delação premiada na Lava Jato de Joesley Batista, é preciso entender o que une este grupo. Eles não se unem pela ideologia. Mas para ganhar dinheiro de maneira ilegal, como tem sido fartamente demonstrado pelas investigações da força-tarefa da Lava Jato. Eles se especializaram em usar os seus cargos para vender facilidades a empresários. Tanto que, há poucos meses, em pleno fervor da Lava Jato, o presidente Temer e o senador Aécio Neves (PSDB-MG) foram flagrados negociando propina com o empresário Joesly Batista.
A maneira de operar é semelhante à dos bandidos profissionais que comandam as quadrilhas especializadas. Gente tipo o carioca Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, do Comando Vermelho (CV), e o gaúcho José Carlos dos Santos, o Seco. Os dois são profissionais no seu ramo: Beira-Mar, no tráfico, e Seco, em assaltos a carros-fortes. Ambos cumprem penas. E se forem soltos, voltarão a traficar e a roubar, por serem as únicas coisas que sabem fazer.
As quadrilhas que esses dois comandam são organizadas, eficientes e seguem um código de conduta muito rígido. Uma das regras é descartar quem representa perigo para o grupo. Por ter chamado a atenção negativamente para o seu governo, Temer é hoje um fator de risco para os negócios ilegais do seu grupo, que continua agindo, apesar de Lava Jato. Claro que não irão se livrar dele à maneira dos quadrilheiros. Mas do modo como se livraram de Cunha – tiraram o mandato dele e deixaram a Justiça Federal fazer o resto.
O patrimônio de Fernandinho Beira-Mar é calculado em 30 milhões de reais.
AMADOR!
Uns trocados se for comparado com dos caras do Temer