Como repórter não podemos sair escrevendo, ou falando, o que os comentaristas políticos estão dizendo sobre
Donald Trump romper os seus compromissos de campanha contra as minorias para poder acalmar os mercados e
governar em paz. Mesmo sendo regra geral entre os candidatos mudarem de assunto depois de se elegerem,
Trump não é um candidato tradicional. Para se fazer notar na disputa, ele audaciosamente elegeu bandeiras segregacionistas.
E ao elegê-las, ele se comprometeu com as organizações da direita
fundamentalistas dos Estados Unidos, que hoje estão divididas em três grandes movimentos: o da supremacia
branca, de anti-imigração e os que pregam a Islamofobia. Ao verem as suas principais bandeiras de luta serem
defendidas, os racistas se atiraram de corpo e alma na campanha. Andei ligando para algumas pessoas e me
convenci que esses grupos não ficarão de braços cruzados caso Trump rompa com seus compromissos. Esse
pessoal não costuma levar desaforos para casa. Eles têm organização, treinamento militar, armas e dinheiro para
dar uma resposta. Um dos seus cartões de apresentação foi o atentado de Oklahoma City, em 19 de abril de 1995,
que teve como alvo o Edifício Federal Alfred P. Murrah que resultou em 168 mortos e mais de 500 feridos. O “Tio
Google” é rico em informações sobre o caso.
É consenso entre os especialistas que Trump não chega ao final do seu governo sem sofrer um atentado, se romper
os seus compromissos de campanha com essa gente. O que escrevi não é uma opinião minha, mas uma
conclusão que cheguei depois de falar com várias fontes. Lembro que, por escrever sobre conflitos agrários e
crimes de fronteira ao longo dos meus 40 anos de repórter, eu sempre li muito, fiz fontes ao redor do mundo (entre
cientistas sociais e gente dos serviços de inteligência) sobre movimentos e organizações. Aos jovens repórteres das
redações alerto que é hora de começar a prestar atenção do que o Trump fala nas entrelinhas dos seus
pronunciamentos. Têm coisas interessantes. Lembra de uma coisa: Trump não tem palavra. Tem negócios.