Eleitores de 2018 serão mais influenciados pelo impacto da violência do que pela Lava Jato

Em vastas regiões do Brasil e entre as classes populares dos grandes centros urbanos, na disputa das eleições de 2018, principalmente para presidente, o peso da violência – crimes contra o patrimônio e a pessoa – vão ter mais peso que a operação Lava Jato, que apura a corrupção entre empresários, políticos e assessores.
Não estou comparando qual dos crimes é o mais importante. Estou comparando o poder da imagem divulgada para o público. A força-tarefa da Lava Jato mostra o seu trabalho em entrevista coletivas, com gráficos e áudios de interceptação telefônica entre os suspeitos e explicações técnicas da relação entre os fatos divulgados. O impacto fica por conta dos nomes dos políticos divulgados.
Mas, quando falamos em impacto a imagem não é páreo para as cenas de brutalidade dos massacres provocados pelo enfrentamento do Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo, com o Comando Vermelho (CV), do Rio de Janeiro, nas cadeias de Manaus (AM) e Boa Vista (RR), onde empilharam 90 corpos, muitos sem cabeça. Ou para os relatos dos familiares martirizados pela morte de um dos seus nas centenas de roubos de veículos que acontecem diariamente no Brasil. Ou ainda para as lágrimas dos pais das muitas crianças que são mortas no fogo cruzado na troca de tiros entre a polícia e as quadrilhas.
Se eu fosse cientista social a minha avaliação deste quadro seria cientifica. Sou repórter, com 40 anos de estrada, portanto vou relatar o que vejo de imediato. Não é de hoje, mas já são velhos conhecidos dos brasileiros os crimes do colarinho branco apurados pela Lava Jato. O que chama atenção agora é o fato de eles estarem indo para a cadeia. Como também as barbaridades resultantes dos confrontos do PCC com o CV e da violência diária sofrida pela população. A diferença é o grau de crueldade dos bandidos.
As novas tecnologias e a popularização da internet tornaram consumidores de informações uma vasta fatia da população brasileira espalhada de norte a sul, de leste a oeste. Muito mais que as palavras escritas, as imagens dão uma mensagem curta, rasteira e impactante. Seja através do WhatsApp, do Facebook ou de outra mídia, os vídeos correm o país em uma velocidade espantosa, principalmente pelo celular. Só para se ter uma ideia: em 2014, quando a Dilma Rousseff (PT) foi reeleita para presidente do Brasil existia no país, em números redondos, 274 milhões de celulares. Em 2018, a previsão é de 350 milhões. A população do país é de 212 milhões de habitantes, portanto dá mais de um aparelho por pessoa.
Como repórteres temos que ficar atentos aos discursos que vem por aí. Tem muito mais em jogo do que uma eleição. Não é a única explicação, mas o crescimento do deputado Jair Bolsonaro (PSC), nas últimas pesquisas da CNT/MDA precisa ser analisada de perto. Ele tem um discurso simples, agressivo e inconsequente, que entra como uma luva neste tipo de contexto. O governo federal já se deu conta e tem feito lançamento midiáticos de iniciativas, tipo Plano Nacional de Segurança, com um amontoado de boas intenções.

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