A história que a autópsia da contadora conta à policia

Enquanto aguardam o corpo da contadora para enterrar, os seus amigos, parentes e vizinhos demonstram a sua indignação com a situação no dia que completou uma ano que ela sumiu e depois apareceu enterrada em uma cova rasa. Foto: arquivo pessoal.

Os agentes envolvidos na investigação do desaparecimento e do assassinato da contadora Sandra Mara Lovis Trentin, 48 anos, em Palmeira das Missões, acreditam que a autópsia do  Instituto Geral de Perícias (IGP), na ossada e nos pertences da vítima, irá esclarecer pontos ainda obscuros e reforçará a apuração feita, que aponta como suspeito de ser o mandante do crime o marido da vítima, o vereador Paulo Ivan Landfeldt (PSDB). 48 anos, de Boa Vista das Missões. E o matador que teria sido contratado por ele, Ismael Bonetto, 22 anos. Os dois já são réus no caso. Landfeldt aguarda o julgamento em liberdade provisória, e Bonetto está preso. No dia 30 de janeiro do ano passado, a contadora saiu de casa, onde vivia com o marido e os filhos em Boa Vista das Missões, percorreu  30 quilômetros até Palmeira e nunca mais foi vista. No último dia 21 de janeiro, o IGP confirmou que a ossada encontrada em uma cova rasa, à beira da BR-158, no limite dos municípios de Palmeira e Condor, é dela.

No último dia 30, quando completou-se um ano do seu desaparecimento, dezenas de moradores de Boa Vista fizeram uma manifestação na BR-386, que passa ao lado da cidade. A manifestação foi em repúdio ao suspeito estar solto, andando pela cidade. Landfeldt e Bonetto alegam ser inocentes. Os investigadores afirmam ter provas circunstanciais robustas que os envolvem no crime, como um pagamento de R$ 9 mil que teria sido feito pelo vereador ao suspeito de ser o executor.

A demora do IGP em entregar o corpo à família tem a ver com os detalhes que os investigadores pediram para ser esclarecidos, como a cor da roupa que a vítima vestia. Há uma dúvida sobre a cor declarada no depoimento do marido e imagens de uma câmara de segurança. Mais ainda: marcas nos ossos podem ajudar a elucidar a maneira como ela foi morta. No primeiro depoimento que o suspeito de ser o matador deu à polícia, ele disse que a matou com um tiro. Depois, desmentiu o depoimento. Daí a importância de descobrir a causa da morte, que pode ser revelada pelos ossos. Inclusive, se ela foi morta com tiro, existe a chance de o projétil ser encontrado dentro do corpo.

Existem outras duas dezenas de detalhes que os investigadores pediram para o IGP esclarecer. Por menores que eles sejam, podem fechar o cerco da polícia ao redor dos dois suspeitos, como também causar uma reviravolta na investigação. Há um ambiente de grande ansiedade entre os moradores de Boa Vista das Missões, uma pequena cidade agrícola de 2,2 mil habitantes onde todos se conhecem. Não existe outro assunto na cidade. E na medida em que o tempo passa, a ansiedade só aumenta. E, com isso, a possibilidade de acontecer um incidente. A polícia está atenta para a situação.

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