A aliança entre os diversos grupos políticos que elegeram o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) implodiu. E a principal consequência foi o emperramento da máquina administrativa do governo federal que, por conta dessa aliança, sofreu o que nós repórteres chamamos de “militarização” e um processo de ideologização das chefias dos departamentos dos ministérios, com destaque para Saúde, Justiça e Segurança Pública e Meio Ambiente. A soma de tudo isso é o inferno que se transformou a vida do brasileiro toda vez que precisa resolver um problema em uma repartição pública federal, especialmente com o INSS. Essa situação vem sendo descrita no conteúdo dos noticiários de maneira dispersa. Portanto, não é novidade. O que precisamos saber, para informar ao nosso leitor, é se as novas alianças que estão sendo feitas pelo que restou dos grupos políticos ao redor do presidente vão conseguir destravar a máquina administrativa.
Vamos enfileirar os fatos. Mas, antes, uma conversa com os colegas repórteres, especialmente os mais jovens. Não é de hoje e muito menos exclusividade da imprensa brasileira. Faz parte da nossa cultura de redação publicar as notícias focadas no fato que está acontecendo. Sem explicar como aquilo irá impactar o funcionamento da máquina administrativa, por exemplo, questionando se haverá funcionários para realizar a tarefa. E também não explicamos ao usuário dos serviços públicos como o acontecimento que relatamos irá impactar o seu cotidiano. Até hoje funcionou assim, então por que mudar? Por três motivos: o primeiro é que o país está sendo conduzido por um governo complicado, tanto que implodiu as alianças políticas que uniam os seus grupos de apoiadores. Segundo que há em vigor uma emergência sanitária por conta do coronavírus, que já matou 78 mil brasileiros e algumas centenas de milhares em 200 países ao redor do mundo. E, por último, a pressão que os leitores exercem sobre as redações usando as redes sociais. Não é preciso escrever uma tese em cada notícia. É só acrescentar uma ou duas frases sobre o assunto mostrando como aquilo irá impactar a máquina administrativa e pronto.
Voltando à nossa conversa. Uma soma de fatores e coincidências elegeram Bolsonaro presidente com um apoio popular muito grande. Usando a linguagem dos colegas do esporte: ele recebeu uma bola na área e o goleiro estava fora do gol. Era só chutar. Mas o chute foi para fora. Há vários motivos para Bolsonaro ter chutado a bola para fora. O principal é que ele não soube manobrar os interesses dos grupos que o apoiaram, que reúnem nazistas, terraplanistas, ocultistas, evangélicos fundamentalistas, neoliberais, oportunistas e militares (muitos deles saudosistas do golpe de 1964). E a falta de habilidade do presidente em conciliar os interesses dos seus apoiadores transformou as disputas entre os grupos por cargos no governo em uma “guerra suja” – há centenas de matérias na internet. Aqui chegamos ao xis da nossa história. É preciso dar uma explicação, principalmente para os repórteres jovens envolvidos na correria das redações. Não é sempre. Mas acontece na maioria das vezes. Quando entra um governo novo, há uma troca na coordenação da repartição pública. A troca é feita entre servidores da própria repartição. E o serviço segue funcionando porque o substituto é do ramo.
Ao assumir, Bolsonaro tentou verticalizar a administração. O que é isso? O ministro é um executor das ordens do presidente e os chefes de departamento são alinhados e simples cumpridores de tarefas. Não deu certo. Cito dois casos, os mais escandalosos. E dos ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro – as histórias estão na internet. Os novos ministros e os seus chefes de departamento não sabem como funciona o ministério porque não são do ramo. Portanto, a verticalização travou a máquina administrativa e com ela a prestação de serviços aos brasileiros. Para registrar: ninguém consegue verticalizar a máquina governamental porque isso vai contra os arranjos políticos feitos entre os funcionários que garantem o sobe e desce do cargo de coordenador. Bolsonaro sabe que é assim que funciona, ele foi deputado federal por três décadas. Apostou na verticalização por pressão dos aliados. Agora começou a incluir na aliança o Centrão, como são chamados os deputados de vários pequenos partidos. A pergunta que se faz é se esses deputados vão poder destrancar a máquina administrativa.
Não acredito. Por quê? Tomemos como exemplo o novo ministro da Educação, Milton Ribeiro. Assumiu o cargo. Mas os principais postos do ministério já foram ocupados por gente ligada à área ideológica do governo. Qual a chance de ele dar certo? Vamos saber nas próximas semanas. Resumido: o esfacelamento da aliança entre os grupos que elegeram Bolsonaro resultou no travamento da máquina administrativa federal. O negócio é rezar para não precisar usar os serviços públicos. Como essa situação irá se resolver, ninguém sabe. Nem mesmo o presidente Bolsonaro. É hora de nós repórteres começarmos a esmiuçar para o nosso leitor a questão do travamento da máquina administrativa do governo federal. É necessário ouvir as entidades que representam os interesses dos servidores. É simples assim.
Ok
Apenas mais do mesmo. Nada de novo. O que me assombra é que desde o governo Lula/Dilma, que tudo vem sendo destruído ao som de muitos e muitos alarmes…e ficarmos assistindo a tudo. A impotência tomou conta, resta-nos catar o cacos…
O estrago é grande
Toma vergonha nessa cara esquerdista do inferno! Lula roubou ate cair o c* da bund* e deu pra Dilma roubar o resto até ser chutada da presidencia e vc agora vem com esse descaramento de falar do PR q não faz parte dessa corja ? Se oriente !
Maria de Fatima, eu sou repórter.