Enormes e poderosos animais, os dinossauros dominaram a Terra por dezenas de milhões de anos. Mas foram extintos porque não conseguiram se adaptar às mudanças no meio ambiente causadas pela queda de um asteroide. O repórter não é poderoso e forte como foram os dinossauros. Mas sobreviveu ao avanço da tecnologia nos meios de comunicações, que não foram poucas. Assim como sobreviveu às mudanças na economia e na política, que alteram a todo instante o mapa geopolítico do planeta através de guerras e outros conflitos. Mudanças estas que fizeram desaparecer profissões centenárias e surgir outras jamais imaginadas.
Simplificando o assunto, eu costumo dizer nas minhas palestras para jovens repórteres e estudantes de jornalismo que nós sobrevivemos porque alguém precisa ficar vivo para contar a história. Mas as coisas que garantem a nossa sobrevivência através dos tempos não caem do céu de graça. Muito pelo contrário. No sábado, conversei sobre o assunto com o pessoal do jornal Bom Dia, de Erechim. O processo de se manter vivo na profissão requer o constante entendimento do significado das mudanças que acontecem ao nosso redor. O que, para o repórter, significa: se puxar, ler tudo (até bula de remédio), conversar com leitores, se atualizar nos novos equipamentos e tecnologias disponíveis, ampliar e qualificar constantemente a sua rede de fontes. E o essencial: manter a paixão pela profissão. Ela é exigente, ciumenta, pede dedicação 24 horas por dia. Certa vez ouvi de um repórter, durante uma bebedeira na beira da estrada, a seguinte frase:
– Já vi muita gente virar jornalista. Mas nunca vi um jornalista virar gente novamente.
Eu também não.