General Pazuello vai seguir as ordens de Bolsonaro no Ministério da Saúde?

Ex-ministro Teich se recusou a cumprir as ordens de Bolsonaro e se demitiu (direita), o general Pazuello (centro) vai cumprir as determinações do presidente da República (esquerda)? Foto: Reprodução.

Como se fala nas redações dos jornais, a semana começa com uma fileira de assuntos candidatos a manchete de capa. Com lugar de destaque para o que irá fazer o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello. General-de-divisão, Pazuello, que até então ocupava a secretaria-geral, assumiu o comando do Ministério da Saúde no fim de semana, depois que o oncologista Nelson Teich demitiu-se do cargo que havia assumido em 17 de abril, substituindo o médico Luiz Henrique Mandetta, que foi demitido pelo presidente Jair Bolsonaro porque se recusou a contrariar as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) de isolamento social, o fica em casa, para combater a expansão do coronavírus. Uma estratégia para ganhar tempo para preparar os sistemas de saúde para o enfrentamento da epidemia, já que não existe vacina nem medicação contra a doença.

Mandetta também se recusou a liberar o uso da droga cloroquina fora das recomendações internacionais para o seu uso – não existem provas da eficiência da medicação contra o coronavírus e os efeitos colaterais podem ser fatais. Bolsonaro é contra o isolamento social e defende a liberação geral da cloroquina. Teich assumiu o ministério com a missão de fazer o serviço recusado pelo antecessor. Ficou um mês enrolando o presidente até ser colocado contra a parede por Bolsonaro, que exigiu que suas ordens sobre o isolamento social e a cloroquina fossem cumpridas. Teich pediu as contas e foi embora. O general que havia sido colocado como segundo de Teich da Saúde pelo presidente agora está com “a batata quente na mão”. Mandetta e Teich são médicos e sabem que a política defendida por Bolsonaro é genocida, segundo entendimento de cientistas e autoridades sanitárias ao redor do mundo. Pazuello é militar da ativa, portanto, se seguir as orientações do presidente vai arrastar as Forças Armadas para uma saia justíssima. Por quê? A política do presidente é genocida. E se a palavra “genocida” colar na imagem das Forças Armadas vai por água abaixo um trabalho de três décadas junto à opinião pública que conseguiu livrar os militares da herança deixada pelos golpistas de 1964 – há uma vastidão de matérias disponíveis na internet.

Os caixões com as vítimas do coronavírus estão nos noticiários das TVs. As valas comuns nos cemitérios de Manaus (AM) e o colapso no sistema público de saúde no Rio de Janeiro, cartão-postal do Brasil, são notícias que estão circulando o planeta. Portanto, o que o general Pazuello fizer no Ministério da Saúde entrará para a história sanitária do mundo. Hoje (manhã de 18/05), no Brasil o coronavírus contaminou 242.313 pessoas e matou 16.192. Nos quatro cantos do mundo foram 4,7 milhões de contaminados, 315 mil mortos e 1,7 milhão de pessoas que se recuperaram da doença. Uma aviso aos meus colegas das redações do interior do Brasil. Tem muita casca de banana espalhada pelo chão. Verifiquem as informações com no mínimo duas fontes diferentes, dando prioridade para as matérias publicadas nos sites dos grande jornais. Cuidado com os números citados pelos comentaristas políticos porque eles não são atualizados.

O segundo assunto da fila vai ocupar o maior espaço nos conteúdos dos noticiários. Ele é mais um nó na corda ao redor do pescoço do prestígio político do presidente. Trata-se da denúncia do empresário carioca Paulo Marinho, ex-aliado de Bolsonaro. Ele declarou que Flávio, filho do presidente e atualmente senador pelo Rio de Janeiro, contou-lhe que foi avisado por um delegado da Polícia Federal (PF) sobre a Operação Furna da Onça, que aconteceu no final de 2018. Na época, Flávio era deputado estadual do Rio e um dos seus assessores, Fabrício Queiroz, foi um dos alvos da operação – há matérias na internet. Aqui é o seguinte. Um dos motivos que levou o então ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro a se demitir foi a nomeação, pelo presidente, do delegado Alexandre Ramagem para diretor-geral da PF – há matérias na internet. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu a nomeação. Aqui é o seguinte. Se o vazamento for confirmado e o nome de Ramagem aparecer como sendo o informante, ao tê-lo indicado para a direção-geral da PF Bolsonaro deu o tiro de misericórdia no seu governo que está agonizando. A semana promete. Os dois assuntos são de grande interesse do nosso leitor, um diz respeito à sua saúde, o outro à integridade das instituições que garantem a nossa liberdade. É simples assim.

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