Atentado contra Bolsonaro: a campanha não irá descambar para a violência, porque o Brasil não é uma “república de bananas”

As instituições brasileiros são fortes e irão impedir qualquer tipo de violência na campanha. Foto:  arquivo pessoal.

Nas avaliações que as redações dos jornais estão fazendo do atentado contra o candidato à presidência da República Jair Bolsonaro (PSL – RJ), há um detalhe importante que tem ficado de fora: quem irá impedir que a disputa eleitoral descambe para a violência não é o compromisso com a paz que estão prometendo ter os candidatos e os militantes partidários. Mas as leis que são um dos pilares da democracia que vem sendo construída nas últimas décadas a duras penas pelos brasileiros. O período mais pesado foi durante o Regime Militar (1964 a 1985), quando, durante 21 anos, trabalhadores, intelectuais, políticos, artistas e estudantes regaram com o seu sangue nos cárceres os fundamentos da democracia dos dias atuais. O sistema de Justiça do Brasil, no caso a Federal, é perfeitamente capaz de manter a disputa dentro das regras. A liberdade de imprensa é o holofote que ilumina a disputa eleitoral. E as organizações populares, tipo a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), estão aí para pressionar os operadores da Justiça a fazer o seu trabalho.

O que escrevi não é um texto opinativo. Mas lastreado em fatos que estão disponíveis nas entrelinhas de tudo o que se tem publicado sobre o episódio. Tenho 68 anos, 40 como repórter, conheço o Brasil de ponta a ponta e de lado a lado. O Brasil é um país continental, urbano e industrializado, e o nosso processo histórico não tem nada a ver com os dos outros países. Aliás, a história nos ensina que as trajetórias dos países são diferentes. No caso do atentado ao Bolsonaro. Seja lá qual for a conclusão das investigações da Polícia Federal (PF) sobre os motivos que levaram o agressor Adélio Bispo de Oliveira, 40 anos, a esfaquear o candidato, será um caso para a Justiça Federal resolver. Agora dificilmente o que a PF apurar será a versão usada pelos marqueteiros do candidato para explicar o fato aos eleitores. Os marqueteiros já montaram a sua versão. O procedimento faz parte da disputa eleitoral. E, se houver excessos por parte dos marqueteiros, o caso será resolvido pela Justiça Eleitoral.

Aqui vou lembrar aos colegas repórteres um fato. Até por conta da censura à imprensa nos anos do Regime Militar, nunca se discutiu em profundidade a violência na disputa eleitoral no interior do Brasil, mesmo em cidades de porte médio para grande. Conheço e já fiz reportagens sobre cidades em que os caciques políticos disputam os eleitores à bala. O voto de cabresto – aquele que é comprado – é uma realidade. Isso não acontece só nos estados do Nordeste. É uma realidade no interior do Rio Grande do Sul, do Paraná, de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, que são considerados os estados com eleitores mais esclarecidos do país. Aliás. Muitos parlamentares encrencados com a Operação Lava Jato vão se reeleger graças ao voto de cabresto. 

Há um fato na cobertura das eleições que preocupa, principalmente os velhos repórteres. Jamais em outro momento da história brasileira, houve tal abundância de acontecimentos como no atual, fatos do tipo: o atentando contra Bolsonaro, a prisão do ex-presidente Luiz Inácio da Silva (PT – SP) e a influência na disputa eleitoral de juízes, procuradores da República, desembargadores e ministros da Lava Jato. Por outro, jamais as redações dos jornais brasileiros estiveram operando com tão poucos recursos econômicos e um quadro de pessoal reduzidíssimo. Isso significa que os repórteres estão trabalhando sobrecarregados, o que os tornam vítimas fáceis das cascas de banana (versão exótica dos acontecimentos) espalhadas pelo chão pelos marqueteiros dos candidatos. Por outro lado, é uma oportunidade para o jovem repórter se superar e mostrar para o que veio. Como se diz nos sertões brasileiros: “o diabo fecha uma porta, Deus abre duas”.

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